Archive for abril, 2011

Páscoa sem bola

Bola vazia na PáscoaEnquanto na maioria dos estados os campeonatos regionais tiveram partidas decisivas neste fim de semana, no Distrito Federal os (cinco) amantes do futebol ficaram a ver navios, ou melhor, barquinhos no lago Paranoá. É isso mesmo: não houve jogos pelo quadrangular semifinal (!) do Candangão 2011 no feriadão.

Os quatro times que disputam vaga na finalíssima do campeonato local só voltam a se enfrentar na terça-feira. O Botafogo-DF, sem Túlio Maravilha, recebe o hexacampeãoatual vice-campeão Brasiliense no estádio Cave. Já o Gama abre as portas do esplendoroso Bezerrão para o Formosa.

O glorioso Bosque Formosa Esporte Clube, aliás, é o atual líder do quadrangular e, se mantiver o bom desempenho, pode se tornar o primeiro time de Goiás a conquistar o campeonato brasiliense. Sim, de Goiás.

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VLI

ImaginaçãoNo dia 7 de setembro de 2009, o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, prometia que Brasília teria um veículo leve sobre trilhos (VLT) em funcionamento exatamente um ano depois. Passados mais de 19 meses, com direito a risco de suspensão do financiamento, licitação suspeita, falta de licença ambiental e muitos panetones, a revolução no transporte da capital não passa de um canteiro de obras no caminho do cidadão. Agora, sob o comando de Agnelo Queiroz, o Governo do Distrito Federal anuncia o passo seguinte: já estão reservados R$ 203 milhões para um veículo leve sobre pneus (VLP) que deve ligar os terminais do Gama e de Santa Maria à rodoviária do Plano Piloto. O que significa isso na prática? Que, em prazo ainda a determinar, o brasiliense terá um inigualável veículo leve imaginário cobrindo grande parte da cidade. Promessa é dívida – e disso ninguém duvida.

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Granizo

Manda pedra!Caiu uma tempestade monumental em Brasília no início da tarde deste domingo. Chegou a chover granizo em vários pontos da cidade. Além dos estragos causados pelas inundações, quedas de árvore e outros efeitos do aguaceiro, foi registrado um mico gigante nos “grandes” (negrito nas aspas) jornais da capital, que até as 14h não davam notícia sequer de um pingo d’água em seus sites. Enquanto a cidade caminha a passos largos para 2012, ou qualquer outra data apocalípticaarmagedônica, a imprensa local atua em ritmo mesozóico.

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Cãocorrência

PerspectivaComo se sabe, Brasília é a terra das oportunidades, um lugar regido exclusivamente pelas regras de mercado e onde qualquer pessoa com disposição para trabalhar prospera. Em resumo, um retrato do Brasil que pode dar certo, um Brasil do livre empreendedorismo e da meritocracia. A introdução é necessária para se entender um dos comentários de Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal desde o início do ano, em recente entrevista ao Correio Braziliense :

A própria revisão dos contratos e a suspensão do Pró-DF [Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável] mostram nossa intenção. Estamos enfrentando esse problema em todas as áreas. Estamos recuperando a credibilidade do setor produtivo. A retomada das relações republicanas no governo está aumentando a confiança e a credibilidade e atraindo os empresários. Recentemente, me reuni com um grupo grande de hotelaria, que sempre quis se instalar aqui, mas afirmou que agora é possível. Antes, havia uma espécie de reserva de mercado, ou seja, para entrar no DF era preciso pagar ou se associar a empresários daqui. Empresas de fora tinham grande dificuldade de se instalar aqui e isso atrasou o nosso desenvolvimento.

Em sua polidez, o governador descreve a situação como “reserva de mercado”, expressão que deve ter a mesma origem etimológica do “paralelismo natural” usado pelos donos de postos para descrever a curiosa coincidência dos preços dos combustíveis na capital.

Ao longo dos anos, criticar a “reserva de mercado”, o “paralelismo natural” e outros eufemismos típicos tem sido visto ou como deplorável ato de lesa-paraíso ou como exemplo da inveja que sói brotar nos forasteiros diante da prosperidade pujante da capital. Que o próprio governador reconheça que a história não é bem assim pode ser um primeiro passo. Ou apenas uma resposta perdida no meio de uma entrevista.

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Na faixa

Bota o péA prova de que Brasília é um lugar estranho – e nem sempre por aspectos negativos – é o respeito à faixa de pedestre. Aqui, quando o cidadão põe o pé nas listras, das duas uma: ou ele passa incólume ou é atropelado. Pelo menos é o que se depreende do tom de alarme das notícias sobre os 14 anos da campanha que transformou as faixas pintadas no chão da capital em realidade. Segundo as autoridades de trânsito, desde 1997, quando o motorista brasiliense, sob ameaça de multa, começou a respeitar a faixa, 77 pessoas morreram durante a travessia.

A verdade é que, se existe um lugar para arriscar a travessia na faixa sem um, ahm, pé atrás, esse lugar é Brasília. Mas o número de fatalidades mostra como as coisas são relativas. Com 77 mortos em 14 anos, ou 5,5 por ano, Brasília ainda é citada como exemplo para o resto do país. O que proporciona uma idéia nada sutil do nível da selvageria em outras cidades…

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