Ele nasceu em Shandong, oficialmente em 1932; mudou-se para Hong Kong na juventude; casou-se; e veio para o Rio de Janeiro, em 1968. Passou muito tempo trabalhando em outros lugares, longe da família, para ajudar a criar os dois filhos. Aposentou-se, finalmente, no início de 2006. Porém, depois de uma vida de sacrifícios, resolveu que não receberia retribuição. Na semana passada, partiu.
Você talvez conheça uma história parecida. Mas esta, do Sr. Chia, é só minha. Se tomo seu tempo com ela, é apenas para prestar uma pequena homenagem a um homem que, tendo passado a maior parte da vida no Brasil, nasceu e morreu chinês – e mostrou, em 74 anos, o que há de melhor nessa herança.
No ano passado, fomos juntos à China, e, embora meu chinês fosse tão ruim quanto o português dele, gosto de acreditar que, enfim, pude entendê-lo plenamente. Aquela era sua vida. Mas, por mim, meu irmão e minha mãe, ele nunca voltou. Um dia voltaremos juntos.
Há exatamente um ano, um Palio vermelho entrava em alta velocidade (62 km/h) na capital, carregando um cidadão com um estranho projeto na cabeça. De lá para cá, foram fortes emoções, muitas relatadas aqui. A maior, porém, por anteceder este barraco, acabou relegada a outro espaço. Hoje aproveito a efeméride para preencher a lacuna. De todo modo, balanço por balanço, neste primeiro ano aqui nada me balançou mais.