Falta um senso mais apurado de marketing a Brasília. Um belo exemplo é a grande manchete desta terça na capital: “Brasília registra dia mais quente do ano”. Embora verídica, a afirmação é praticamente um apelo ao desdém dos moradores de outras cidades; enquanto os candangos espantam-se com os meros 31,8 graus de hoje, os cariocas já curtiram 39,3, em março, e os cuiabanos deliciaram-se com 40,1, duas semanas atrás.
O sujeito de Palmas, cozido pelos dois dias de 39 graus só neste mês, lê a novidade bombástica de Brasília e reage, não sem razão, com absoluto desprezo. Trintaeumvírgulaoito? Frio polar.
Não seria o caso de pôr a numeralha de lado e destacar o que a cidade possui de realmente único? Título: “Brasília terá mais cinco dias de índice UV extremo”. Subtítulo: “Exposição à radiação pode provocar queimaduras, pintas, câncer de pele e lesões nos olhos”.
Todo lugar tem suas peculiaridades. O segredo é saber vendê-las.